Papa diz que aborto é ‘assassinato’, mas critica bispos por quererem negar comunhão a Biden
O Papa Francisco disse nesta quarta-feira que o aborto é um “assassinato”, mesmo logo após a concepção, mas pareceu criticar alguns bispos católicos dos EUA por lidarem de forma política com a posição do presidente Joe Biden, que é a favor da legalização do aborto, prevista em lei no país desde 1973.
No vôo de volta da Eslováquia, Francisco foi questionado acerca do debate na Conferência Episcopal dos EUA, sobre se Biden, que é católico, deveria ter a comunhão negada devido ao seu apoio, enquanto presidente, ao direito de escolha da mulher, embora ele seja pessoalmente contra o aborto.
— Nunca neguei a comunhão a ninguém. Mas nunca soube que tivesse diante de mim alguém como você descreveu, isso é verdade — disse ele, sem elaborar. — A comunhão não é um prêmio para os perfeitos. A comunhão é um dom, a presença de Jesus e de sua Igreja.
Em junho passado, uma conferência de bispos católicos romanos dos EUA votou para redigir uma declaração sobre a comunhão que pode admoestar políticos católicos, incluindo Biden.
— Aborto é assassinato. Quem pratica o aborto mata — disse o Papa. — Na terceira semana após a concepção, muitas vezes antes mesmo de a mãe saber [que está grávida], todos os órgãos já estão [começando a se desenvolver]. É uma vida humana. Ponto final. E essa vida humana tem que ser respeitada.
Na terça-feira, a Casa Branca pediu formalmente a um juiz federal que bloqueie a aplicação de uma nova lei do Texas que, na prática, proíbe quase todos os abortos no estado sob um novo desenho legal que os oponentes dizem ter como objetivo impedir possíveis contestações judiciais em cortes federais.
A lei apoiada pelos republicanos proíbe a interrupção da gravidez após seis semanas de gestação, quando muitas mulheres nem sabem que estão grávidas.
A lei da Igreja diz que um católico que faz um aborto se excomunga automaticamente da Igreja. Mas não há uma política clara para os políticos católicos que dizem não ter escolha, como autoridades eleitas, para apoiar o direito ao aborto, mesmo que se oponham pessoalmente. Isso levou a debates acalorados na Igreja nos EUA.
O papa disse que os bispos deveriam lidar com o problema de forma pastoral, em vez de política.
— Um pastor sabe o que fazer a qualquer momento, mas se ele deixa o processo pastoral da Igreja, ele imediatamente se torna um político — disse Francisco.