Presidente da estatal afirma que empresa coloca “recursos nas mãos de quem pode fazer”
“O que regula o preço é o mercado”, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada neste sábado (8.jan.2022). “Ainda há pessoas que consideram, por desinformação ou outro motivo, que a Petrobras deva ser responsável pela redução de preço. Ela não tem condições de fazer isso.”
Silva e Luna foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em fevereiro de 2021, quando o chefe de Estado se dizia incomodado pelos sucessivos aumentos dos combustíveis. O presidente considerava que a estatal era conduzida de maneira errática. Em abril, o general foi oficializado no cargo.
Segundo o presidente da estatal, “no nível de governo, dos três Poderes”, está consolidada a percepção de que os preços são regulados pelo mercado. Ele diz que a companhia tem procurado mostrar à sociedade que não é apenas as decisões da Petrobras que influenciam os preços.
“Tem outros elementos que entram na composição do preço do combustível, os tributos federais e estaduais, os preços de revenda e distribuição”, fala.
O general voltou a negar que o governo receba informações privilegiadas sobre a reajustes no preço dos combustíveis. No começo de dezembro, Bolsonaro afirmou ao Poder360 que a Petrobras reduziria o valor cobrado pelos insumos.
Depois da declaração, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários)abriu processo administrativo para investigar possível vazamento de informações sobre mudanças de preços dos combustíveis. Por ser listada na Bolsa, a Petrobras não pode divulgar as informações para o presidente ou outra pessoa.
“O complicado é que, se no período tiver de haver uma mudança de preço, a gente fica passando a impressão de que houve uma informação privilegiada”, fala Silva e Luna.
“Há uma série de instrumentos que permitem fazer o acompanhamento da oscilação dos preços e supor que em tal período a Petrobras possa fazer um ajuste de preços. Mas não sai da empresa nenhum tipo de informação.”
POLÍTICAS PÚBLICAS
O general afirma ter ficado surpreendido que “a sociedade, até no nível governamental, dos Poderes, não entendia que a Petrobras não poderia fazer políticas públicas”.
Ele diz que a companhia “tem responsabilidade social e procura cumpri-la”, mas “não pode fazer política pública”. Segundo ele, a companhia “coloca recursos nas mãos de quem pode fazer”.
“Recebi perguntas de jornalistas se eu não tinha pena de aumentar o preço do gás quando sabia que o pobre estava queimando madeira. Respondi: ‘Claro que sim, aquilo que afeta a sociedade afeta a todos nós. Só que esse dinheiro é público, a empresa tem de prestar contas ao investidor’”, declara.