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PE: Ferrovia Transnordestina e Transposição do São Francisco, dois projetos semicoloniais para o Nordeste

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Coincidentemente (ou não) a Transposição do Rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina estão localizadas na mesma região, a porção setentrional do Nordeste, além de também serem projetos contemporâneos

A construção da ferrovia teve início em 2006 e a construção dos canais da Transposição em 2007, ambas no governo de Luiz Inácio. Os dois são projetos semicoloniais do velho Estado no Nordeste brasileiro, para aumentar a espoliação dos seus recursos agrícolas e minerais, em benefício do latifúndio.

A Transposição é o maior projeto de infraestrutura hídrica dos últimos tempos do País e um dos maiores do mundo. A obra consiste na construção 477km de canais em seus dois eixos (eixos norte e leste) para conduzir parte das águas do rio São Francisco até os rios receptores nas bacias hidrográfica do Nordeste setentrional.

A Transposição permitirá, além do abastecimento público, o desenvolvimento da produção do dito agronegócio em manchas de solo férteis da região, pois sem água para irrigação isto não seria possível.

Já a Transnordestina é um dos principais projetos ferroviários do Brasil atualmente. Sua proposta é conectar as áreas produtoras do Sertão nordestino aos portos do litoral, facilitando o escoamento de mercadorias, especialmente produtos agrícolas, como grãos e frutas, além de minérios. A ferrovia foi planejada para ter cerca de 1.206km de extensão. Sua linha principal conecta Eliseu Martins, no Piauí, aos portos de Suape, em Pernambuco, e Pecém, no Ceará. 

Observando os mapas, percebe-se que os rios receptores das águas do eixo norte da Transposição correm paralelos ao ramal da ferrovia que liga Salgueiro, em Pernambuco, ao porto de Pecém, no Ceará. Além disso, os dois eixos da Transposição (norte e leste) são cortados pelo ramal da ferrovia que vai de Eliseu Martins, no Piauí, ao porto de Suape, em Pernambuco.

É necessário destacar, entretanto, que os riscos destes projetos para a população camponesa da região são enormes, isto porque estes resultam na valorização das terras pela oferta de água e transporte, contribuindo para acelerar a expulsão dos posseiros locais pelo latifúndio, que tem interesse em se apossar destas terras em razão do aumento da fertilidade dos solos e da melhoria dos fatores locacionais proporcionados pelos projetos. 

Desde já, a população camponesa ribeirinha deve ficar atenta e lutar pela titulação de suas terras, pois com a ampliação da infraestrutura (com a ferrovia, que facilita o escoamento de commodities e, com a oferta de água, que viabiliza a agricultura irrigada), há um incentivo ao aumento da atuação do agronegócio na região, sobretudo nas margens da ferrovia, dos canais e dos rios receptores.

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