Em ofício ao TSE, o ministro da Justiça, Anderson Torres, falou no “desenvolvimento de programas próprios para verificação”
Em ofício ao TSE, o ministro da Justiça, Anderson Torres, falou no “desenvolvimento de programas próprios para verificação”. A Polícia Federal, porém, afirma não desenvolver nenhum software com esse objetivo.
Ministro da Justiça, Anderson Torres enviou no dia 17 de junho ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um ofício no qual afirmou a “necessidade” de a Polícia Federal, subordinada à sua pasta, “fiscalizar” e “auditar” as urnas eletrônicas, “inclusive com a possibilidade de desenvolvimento de programas próprios de verificação”. O objetivo seria “resguardar o estado democrático de direito”. O discurso, no entanto, parece ser mera retórica para aumentar o clima de tensão no país.
À coluna, a Polícia Federal negou que desenvolva qualquer software com o objetivo de fiscalizar as urnas eletrônicas. Um programa com essa finalidade já foi criado e usado pela PF na bem-sucedida eleição de 2018.
“A Diretoria Técnico-Científica – DITEC/PF informa que em 2018, quando do recebimento de uma urna eletrônica para ser periciada pelo Serviço de Perícias em Informática (SEPINF), foi desenvolvido internamente um programa para verificação de aspectos de segurança da urna ao final da votação, desconhecendo que outros softwares foram ou estejam sendo desenvolvidos com a finalidade específica de verificação das urnas”, detalhou a Polícia Federal.
Ou seja: o ofício enviado por Torres ao TSE, no qual tenta colocar o carimbo da Polícia Federal, serve meramente a fins de retórica golpista. Na própria PF, não há nenhum clima de insatisfação com as urnas eletrônicas — pelo contrário, a cúpula da corporação vê a Justiça Eleitoral historicamente como uma parceira e aliada no processo democrático brasileiro.
A coluna também perguntou à Polícia Federal, para efeitos de comparação, sobre o efetivo de policiais que fiscalizaram o pleito de 2018 e o efetivo que fiscalizará as eleições este ano. Alegando questões de segurança pública, a PF não respondeu a essa questão específica.