Cerca de 1,6 milhão de potiguares viveram com menos de R$ 637 por mês, segundo o instituto. Mais de 33,7 mil pessoas estavam na extrema pobreza. Casas de taipa em comunidade no interior do RN. 33,7 mil pessoas viviam em situação de extrema pobreza em 2022 no RN (Arquivo)
Pelo menos 44,2% da população do Rio Grande do Norte viveu em situação de pobreza ao longo de 2022, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo órgão nesta quarta-feira (6).
São consideradas em situação de pobreza as pessoas que que vivem com até R$ 637,00 por mês. De acordo com o IBGE, 1,6 milhão de pessoas estavam nessa situação, no ano passado.
Ainda de acordo com o instituto, 9,4% da população potiguar, ou cerca de 33,7 mil pessoas, estava na extrema pobreza vivendo com até R$ 200 por mês.
Apesar do número elevado, o estado apresentou uma queda em relação a 2021, quando 50,9% da população foi classificada em situação de pobreza e 14,9% vivia na extrema pobreza.
O IBGE considerou, na análise, os parâmetros do Banco Mundial de US$2,15/dia para extrema pobreza e de US$ 6,85/dia para a pobreza, em termos de poder de paridade de compra a preços internacionais de 2017.
Embora alto, o percentual de potiguares vivendo na pobreza é o menor do Nordeste. A média da região é de 51% – muito acima da região Sul, por exemplo, cujo percentual de pessoas na pobreza é de 17%.
Menos desempregados
Um dos motivos para a redução da pobreza no estado, pode ter sido a redução do número de pessoas desempregadas.
Em 2022 o nível de ocupação do Rio Grande do Norte, que corresponde ao percentual de pessoas em idade para trabalhar que estavam ocupadas, atingiu 47%. Segundo o órgão, o valor indica recuperação desde a pandemia de Covid 19 e é o melhor resultado desde então, embora não tenha atingido o índice registrado no ano pré-pandêmico (48,1%).
“As taxas de desocupação e de subutilização registraram significativas quedas em 2022, apresentando valores mais baixos que os níveis pré-pandemia e atingiram, respectivamente, 11,9% e 30%. Esses são os valores mais baixos registrados desde 2015, quando as taxas foram de 11,6% e 27,7%, respectivamente”, informou o órgão.
Renda per capita
A Síntese de Indicadores Sociais mostra que 72,5% da população potiguar em 2022 vivia com até o valor de um salário mínimo per capita mensal. O cálculo é feito com a renda familiar dividida pelo número de pessoas na casa.
De acordo com o IBGE, 15,2% da população vive com até um quarto de salário-mínimo per capita. 25,1% vive com rendimento entre um quarto de salário e metade de um salário-mínimo.
Apesar disso, o RN teve o melhor rendimento domiciliar per capita do Nordeste. O rendimento médio domiciliar per capita de 2022 no Rio Grande do Norte foi de R$ 1.235 para o total da população potiguar. O valor ficou acima do regional (R$ 1.011,00), mas permaneceu abaixo do nacional, que foi R$ 1.586,00.
No estado, o rendimento domiciliar per capita mediano (ao que até metade da população tem acesso) equivalia a cerca de 60% do rendimento médio e foi de R$ 734,00 em 2022, valor inferior ao salário-mínimo nacional, que é de R$ 1.212,00. Nacionalmente, o rendimento mediano foi de R$ 997,00, enquanto no Nordeste foi de R$ 624,00.
Entre as mulheres pretas ou pardas, o rendimento médio saiu de R$ 907,00 em 2021 para R$ 1.017,00 em 2022. Já o rendimento médio dos homens pretos caiu 10%, saindo de R$ 1.207,00 em 2021 para R$ 1.091,00 em 2022.
Redução da desigualdade
O índice de Gini, que indica a desigualdade nos rendimentos foi de 0,526 em 2022, recuando em relação a 2021 (0,587). Quanto mais próximo do número 1, maior é a desigualdade.
Porém, quando o indicador é recalculado sem considerar as fontes de rendas vindas de benefícios dos programas sociais governamentais, o índice sobe para 0,576.