O prédio que foi o escritório comercial do ex-deputado federal Luís de Barros, na Rua Chile, na Ribeira, vai ser transformado em um cinema de rua. O casarão pertence à Prefeitura do Natal e já foi tombado tanto pelos órgãos estaduais, quanto nacionais. Já o projeto, que terá recursos via Lei Rouanet, está com os equipamentos garantidos via Política Nacional Aldir Blanc (Pnab).
“Teremos um cinema municipal com atividades gratuitas para escolas e centros sociais e a cobrança de um valor simbólico a terceiros. É um resgate do cinema de rua e acredito que seja o primeiro ou segundo passo para revitalização da rica Ribeira”, acredita Iracy Azevedo, secretária de Cultura e presidente da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte).
Além de comerciante e uma liderança no setor, Luís de Barros foi político pela UDN (União Democrática Nacional), tendo sido eleito vereador e deputado, e foi sócio da Ecocil e dos Cinemas Rex, São Luís e Nordeste. O projeto de recuperação do casarão está sendo tocado pelo arquiteto Haroldo Maranhão:
“Vamos adaptar os espaços internos para receber o novo uso, que é cultural. Teremos um pequeno café e uma galeria para pequenas exposições, além de um espaço administrativo. Vamos preservar o ‘casco histórico’ (fachada e telhado) e adaptar o espaço interno. O prédio tem uma característica espacial dividida em duas partes, o que era a casa e a parte do quintal, que depois recebeu acréscimos, mas no mesmo estilo da fachada. A sala de cinema vai ficar na parte posterior do edifício, onde pode ficar melhor acomodada para seguir as normas de segurança”, detalha Haroldo Maranhão.
Apesar dos traços marcantes, não se sabe com precisão qual a época da construção do edifício, que guarda camadas de história.
“Não há documentos que falem disso. A arquitetura é similar à do Solar Bela Vista, pelos elementos arquitetônicos na fachada. Esses edifícios têm camadas de história, às vezes é do período colonial que quando chega em outro período, fazem uma reforma e colocam em neoclássico. O edifício deve ter sido feito no início do século passado, mas pode ser que as paredes sejam mais antigas porque há pedras de maré nas paredes antigas. O edifício tem janelas de sacada no pavimento superior, onde era o sótão, com gradis de ferro. É um prédio muito interessante e vamos restaurar e recuperar esses elementos arquitetônicos”, esclarece o arquiteto.
““Na Ribeira tínhamos o Cine Polytheama e agora temos a possibilidade de termos esse equipamento. Além do café, as pessoas poderão usar o espaço para fazer lançamento de livros e pequenas exposições. Vai ter um pequeno mezanino onde ficará o café, com acesso a cadeirantes. Será um edifício com tecnologia e projetado para proporcionar o máximo de conforto para usuários”, acrescenta.
Para a presidente da Funcarte, esse é um caminho para a retomada do Ribeira, que já conta com a transferência de algumas secretarias da Prefeitura do Natal.
““A ida da prefeitura para o prédio da antiga Receita Federal é um caminho. A vice prefeitura e a Setur (Secretário de Turismo Municipal) já funcionam lá. A Semidh (Secretaria Municipal de Direitos Humanos) irá, a Funcarte quer uma área para implantar escolas de música do município e armazenar o figurino da escola de balé. Estamos começando um caminho mais sólido para revitalização da Ribeira”, projeta a presidente da Funcarte.
Cinema Panorama
Em fevereiro deste ano, o Governo do Estado também anunciou que vai transformar o antigo prédio onde funcionou o Cine Panorama, no bairro das Rocas, Zona Leste de Natal, em um cinema público e de rua. Atualmente, o prédio passa por dois processos distintos: um de desapropriação do imóvel para a instalação do cinema e outro de tombamento.
Os recursos virão do Governo Federal, por meio do Programa Nacional Aldir Blanc (PNAB), que atende às políticas estruturantes. Construído por Luís de Barros, o Cine Panorama foi inaugurado em 1967 e perdurou até os anos 1990, fechando as portas após o boom dos cinemas de shopping. Assim como outros cinemas de rua, ele teve sua última utilização como uma igreja evangélica que, posteriormente, também deixou de funcionar, quando o prédio ficou sem uso.