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Professora da UFRN vence prêmio nacional com peça sobre memória e identidade

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Monize Moura, professora do Departamento de Artes (Deart) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é uma das vencedoras do Prêmio Solano Trindade 2024, voltado para dramaturgos negros. A premiação será realizada no dia 21 de novembro, em São Paulo, e contempla sua primeira dramaturgia, Depois da Fronteira. A peça aborda questões como memória, diáspora, migração e luto, exploradas pela perspectiva de duas mulheres do Sul Global.

Em entrevista ao portal da UFRN, a professora celebrou: “Foi uma felicidade enorme ter minha primeira dramaturgia premiada. Saber que ela foi compreendida na dimensão das discussões étnico-raciais foi muito significativo para mim”. Monize Moura atua no curso de Teatro (licenciatura) da UFRN.

Processo criativo e colaboração coletiva

O texto, iniciado em 2023, é resultado de um desejo da professora de explorar a relação entre memória e direito à memória por meio da linguagem teatral. Monize destaca que as questões raciais foram fundamentais na construção da obra. “Como mulher negra de pele clara, a elaboração da minha própria identidade é parte de um processo conflituoso, envolvendo memórias familiares e a produção de silenciamentos sobre a cor no Brasil. Isso é parte do processo de embranquecimento que foi um projeto no país”, explica.

Monize atribui parte do desenvolvimento da peça às contribuições de colegas e parceiros. “As leituras das cenas feitas por outras dramaturgas, amigos e professores do Deart foram essenciais. Eles traziam reflexões e histórias que ajudaram a compor a dramaturgia”, relata. O texto também reflete sobre racismo e a construção da identidade racial, especialmente por meio de uma das personagens, uma mulher negra. Para a autora, a escrita foi um processo de letramento racial profundo que influenciou tanto sua perspectiva acadêmica quanto pessoal.

Reconhecimento e impacto

Depois da Fronteira será publicado no livro Eternizar em Escrita Preta – Volume 5pelo Selo Lucias da SP Escola de Teatro, junto com as dramaturgias Memórias de Um Afogadode César Divino, e Boretade Michael Xavier. O livro será lançado e distribuído gratuitamente no dia da premiação.

A vitória no Prêmio Solano Trindade marca a estreia de Monize como dramaturga e representa um incentivo para continuar escrevendo. “É muito significativo me enxergar como dramaturga em um espaço historicamente ocupado por homens, em geral brancos. O prêmio nos encoraja a levar esse texto à cena, processo no qual estou envolvida junto com colegas do Deart e uma equipe que está se formando”, afirma.

Sobre o Prêmio Solano Trindade

Criado em 2020 pela SP Escola de Teatro, o Prêmio Solano Trindade celebra o trabalho de dramaturgos negros. Anualmente, três textos inéditos são selecionados para publicação e lançamento em livro. A premiação busca ampliar a visibilidade da dramaturgia negra no Brasil e incentivar novos talentos. Mais informações sobre a iniciativa podem ser encontradas no site da SP Escola de Teatro.

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