O PSDB divulgou uma nota oficial, na tarde desta quarta-feira (8), em que anunciou que se tornou oposição ao governo de Jair Bolsonaro e que vai começar a discutir a prática de crime de responsabilidade por parte do presidente, que é passível de impeachment.
A decisão foi tomada após reunião entre a Executiva da legenda e suas bancadas no Congresso Nacional, como reação às ameaças golpistas feitas por Bolsonaro nas manifestações de 7 de setembro.
“O PSDB repudia as atitudes antidemocráticas e irresponsáveis adotadas pelo presidente da República em manifestações pelo Dia da Independência. Ao mesmo tempo, conclama as forças de centro para que se unam numa postura de oposição a este projeto autoritário de poder”, diz um trecho da nota da legenda.
A mudança de postura dos tucanos acontece em meio a uma nova movimentação pelo impeachment de Bolsonaro que, após as manifestações golpistas, começou a mobilizar integrantes de partidos do centrão na Congresso, que podem agora se unir às legendas de esquerda que já vinham pleiteando o afastamento do chefe do Executivo.
Ainda na noite desta terça-feira (7), por exemplo, o presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, anunciou que agora seu partido é favorável ao impeachment de Bolsonaro. Gilberto Kassab, do PSD, por sua vez, anunciou a criação de um conselho para acompanhar a pauta.
“Por unanimidade PSDB anuncia oposição ao governo Bolsonaro e início da discussão sobre a prática de crimes de responsabilidade pelo presidente da República.
O PSDB repudia as atitudes antidemocráticas e irresponsáveis adotadas pelo presidente da República em manifestações pelo Dia da Independência. Ao mesmo tempo, conclama as forças de centro para que se unam numa postura de oposição a este projeto autoritário de poder e para evitar a volta do modelo político econômico petista também responsável pela profunda crise que enfrentamos.
O PSDB também se alinha à indignação de todos aqueles que têm na democracia, na defesa das instituições e no respeito à liberdade o seu maior compromisso.
Os brasileiros esperam de seu governante soluções para a pandemia, para o desemprego, para a inflação crescente, para a crise hídrica, para desigualdade, e para o descalabro fiscal.
Por fim, com a participação da Executiva e das bancadas na Câmara e Senado, registramos que após o pronunciamento inaceitável do chefe do Poder Executivo, na data de ontem, iniciamos hoje o processo interno de discussão sobre a prática de crimes de responsabilidade cometidos pelo Presidente da República e o caminho mais eficiente para evitar o agravamento dessa crise na vida das pessoas“.
Esquerda
Líderes do PT, PDT e PSOL comemoraram manifestações recente do PSDB e PSD que acenaram com possível apoio ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro. “Até que enfim, né? Acho importante. O que mais ele precisa fazer para a gente ‘impichá-lo’”, disse a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, para a coluna de Mônica Bergamo.
Gleisi vê “dois campos claros” na política brasileira atual. “O democrático, que envolve os partidos de esquerda, de centro e da direita liberal, que participaram da abertura democrática do país. E o autoritário, que é Bolsonaro”, avalia.
Para ela, “está mais do que na hora dos partidos do campo democrático estarem unidos para tirar esse homem de onde está”, diz Gleisi.
Já para o presidente do PDT, Carlos Lupi, a sinalização do PSDB e do PSD é importante e resulta de “uma reação natural” que Bolsonaro está “provocando em todos os democratas”, cuja “gota d’água” foram as manifestações de terça-feira (7) incitadas pelo presidente contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Na luta que estamos travando, a gente não escolhe aliados”, afirmou Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL.
“Qualquer decisão que for tomada por esses partidos em relação a uma adesão ao impeachment é muito bem-vinda. Temos consciência de que a oposição de esquerda e de centro esquerda não é suficiente para ter os votos necessários para dar abertura ao processo de impedimento do presidente”, concluiu.