O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, confirmou que o PT abdicará de ter candidatura própria na disputa pela Prefeitura de São Paulo, em 2024, para apoiar o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP).
“Quero reafirmar que há um compromisso do PT, compromisso do presidente Lula, de que o nosso candidato será Guilherme Boulos. Eu acredito que a candidatura dele representa uma renovação também para a esquerda.
O PT não precisa estar sozinho na esquerda e nem precisa ser hegemônico nela”, afirmou Padilha em entrevista ao Brasil de Fato.
Desistência da São Paulo
O ministro afirmou que a decisão passa, também, por um desejo do partido de renovar a política. “O PT é o maior partido da América Latina e o principal partido de esquerda na história do nosso país, tem a maior liderança popular desse país e, além do presidente Lula, tem quadros novos muito importantes que estarão na política desse país por muitos anos, mas não precisa estar único.
Não tenho dúvida alguma que um partido como o PT, que quer transformar o país, tem que ter a renovação como alvo central o tempo todo, dar espaço para jovens.”
Em março de 2022, quando ainda estava em campanha pela presidência da República, Lula já havia sinalizado com a hipótese, em discurso durante evento do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Temos que ter consciência que temos que fazer a Presidência da República, o governo de São Paulo, e em 2024 a gente vai fazer o Boulos prefeito de São Paulo.”
Na época da declaração, Fernando Haddad era pré-candidato do PT ao governo paulista. O petista foi derrotado no segundo turno por Tarcísio de Freitas (Republicanos), que teve 55,27% dos votos paulistas.
Reflexos de 2022
A candidatura de Boulos representará uma aliança inédita entre PT e PSOL na disputa pela prefeitura de São Paulo. Essa configuração começou a ser desenhada nos bastidores das eleições de 2022.
Para fortalecer a candidatura de Haddad ao governo de São Paulo, o PT negociou para que o PSOL retirasse a candidatura de Boulos, que também havia manifestado a intenção de disputar o comando do Palácio dos Bandeirantes e aparecia bem nas pesquisas.
Boulos topou trocar a candidatura ao governo paulista por uma campanha à Câmara dos Deputados. Em contrapartida, recebeu de Lula o compromisso de que teria o PT em seu palanque na corrida pela prefeitura paulistana.
Edição: Nicolau Soares