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a preservação da cultura de DJs potiguares

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Nascida com o objetivo de promover, valorizar e documentar a arte potiguar, a Rádio Ginga é um projeto audiovisual novo, criativo e que tem como objetivo preservar a cena cultural de Natal. Fundada pelos DJs e produtores culturais Augusto Ribeiro e Brisa Fernandes, a rádio se apresenta principalmente na forma de um canal no youtube.

A ginga remete ao movimento, a música, a arte e, nesse contexto, à própria cidade de Natal e um dos prato típicos mais marcantes: a ginga com tapioca, patrimônio imaterial cultural do Rio Grande do Norte. A Agência Saiba Mais conversou com Augusto e Brisa que contaram como esse projeto nasceu e qual perspectiva eles tem no cenário da cidade.

O projeto teve início em maio deste ano, tendo menos de um ano de vida, e sendo totalmente independente. Augusto explicou que a ideia surgiu despretensiosamente após uma conversa com sua amiga e sócia, Brisa Fernandes. Com um episódio piloto gravado na sala de casa, o projeto, aos poucos, foi ganhando destaque.

“Surgiu em Maio desse ano de forma totalmente espontânea. Brisa me provocou a ideia, decidimos experimentar produzir esse formato de consumir música e encaminhamos a realização de uma gravação piloto na sala da minha casa com a ajuda de diversos amigos e amigas que nos emprestou alguns equipamentos pra que tudo saísse do campo das ideias e se tornasse real. Acabou que o piloto deu tão certo que gerou  os dois primeiros sets do canal”explicou Augusto.

Os próximos passos, segundo os produtores, foram a criação da identidade visual, feito pelo designer Arthur Carvalho, e a compra de recursos e equipamentos 100% próprios. Até então, a dupla usava aparelhos emprestados de amigos.

“A rádio ginga vem contando com o apoio de muita gente da cena da cidade que acredita tanto quanto a gente na ideia.”, explicou.

Os Djs contaram que um dos objetivos do projeto é fazer com que os artistas e os potiguares se sintam em casa na hora de assistir o conteúdo produzido. Para além disso, o trabalho serve de documentação da cena cultural que está sendo feita, hoje, na cidade.

“A ginga quer que a galera da nossa cidade possa ter acesso ao trabalho de DJs que curte e no rolê na sua própria casa. E a ideia é fazer com que sintam a sensação de estarem conosco lá, curtindo o som e conversando entre amigos.”, detalham.

Identidade visual da Rádio Ginga | fonte: Arthur Carvalho

Preservação da cultura

Augusto explica que, para ele, a arte a música sempre foi o que mais chamou atenção durante seu processo individual.

“Meu ouvido sempre foi muito atento e acredito que foi um caminho natural eu me interessar pela arte da discotecagem. Meus amigos foram os principais incentivadores nesse processo. Mais de 40 amigos e amigas se juntaram e me presentearam com uma controladora em um aniversário meu e desde então fui me dedicando mais e mais a música.”conta.

Augusto Ribeiro, fundador da rádio | foto: Brunno Martins

Já Brisa, nasceu em Juazeiro (BA), é radicada em Natal, e DJ há 9 anos. A artista criou sua identidade e é reconhecida na música eletrônica alternativa potiguar, já tendo produzido e tocado em diversos projetos pelo Brasil.

Brisa já gravou e teve sets publicados por veículos relevantes do país, como Alataj (PR), Ninho (SP), Function Fm (MG), Teia (SP), Na Manteiga Radio (SP) e Reverse Cast (PE). Suas produções autorais já foram lançadas por gravadoras como Baphyphyna (RJ), Coyribe (SP), Sabia Records (RN), Disconexa (RN) e Bliss Records (MG).

Brisa Fernandes, da rádio ginga | foto: Brunno Martins

Sobre o cenário cultural em Natal, os produtores acreditam que o setor precisa ser mais valorizado e, principalmente, receber  apoio do poder público da cidade. Os artistas potiguares precisam resistir e se virar com os poucos recursos que recebem e fomentar a produção cultural da maneira que conseguem.

“Vivemos numa cidade que há anos é governada por oligarquias, onde a preservação da nossa arquitetura e memória nunca foi prioridade, onde instalações e obras históricas e representativas pro novo povo são demolidas, como por exemplo, o hotel reis magos e o mercado da redinha, onde a preservação do meio ambiente e paisagem estão sendo fortemente secundarizados pela atual gestão. Tudo isso diz muito sobre a forma com que a cidade vem lidando com sua história, e a ginga, dentro do seu lugar, defende a memória, a documentação, a preservação da cultura e da classe artística”, detalha.

A Ginga tem como propósito documentar esse cenário, para que os futuros djs e agitadores culturais conheçam a arte efervescente atualmente.

“Acredito que não somente o setor cultural local não é suficientemente valorizado como também nacionalmente ainda precisamos de mais incentivo em todos os aspectos, seja a partir de leis de incentivo ou empresas que estejam dispostas a investir em arte e cultura. Nós somos um projeto totalmente independente e até agora ainda não conseguimos fazer captação de recursos pra que a gente possa ampliar nossas possibilidades e acredito que esse seja o nosso maior desafio atual. Tudo tá sendo feito na pura vontade de fazer a cena acontecer cada vez mais”explicam os DJs.

Documentação da história

Através da produção das gravações e dos sets culturais, Brisa e Augusto realizam um trabalho de documentação da história potiguar. Juntos, e com a ajuda de amigos, o projeto é um acervo vivo do cenário cultural alternativo de Djs em Natal.

Augusto explica que o objetivo do projeto é fazer com DJs potiguares e lgbtqiap+ consigam documentar suas pesquisas e que esse material sirva de referência para aquelas que ainda virão.

“Nós queremos que daqui há alguns anos os novos DJs tenham acesso ao que estava acontecendo na cena da música em Natal hoje, e acaba se tornando mais ousado e importante quando levamos em consideração a forma cada vez mais efêmera com que as pessoas vem consumindo conteúdos musicais hoje em dia”, conta.

O objetivo vem sendo cumprido. O projeto já produziu e gravou o trabalho de artistas e djs potiguares como Janvita, Jeniffy, Tinoc, Dj Soa, Urucum e Kel Pires. O trabalho também já recebeu convites para participar de festivais importantes da cidade como o Burburinho Festival. Os produtores contam que a vontade é movimentar mais e mais a cena cultural natalense.

“Apesar de ser um projeto muito novo, estamos muito felizes com a recepção do público e com os frutos que estamos colhendo a partir dele, a vontade de movimentar mais e mais a cena cultural natalense que só vem crescendo e é muito bom fazer parte dessa história”conta.

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