Ex-governador disse que entregou pastas do Estado nas mãos do PT e , em troca, foi traído e boicotado por quem deveria ajudá-lo
“Fátima fica criticando, mas passou dois anos usufruindo do meu governo, com mandato e prestígio de senadora da República, amiga particular de Dilma Rousseff. Ela não arrumou dinheiro, não veio um tostão sequer para o custeio do Rio Grande do Norte”, afirmou o ex-governador Robinson Faria (PL), reprovando a postura adotada pela governadora Fátima Bezerra (PT), ao dizer que assumiu o Estado em uma grave crise fiscal, com folhas de servidores e pagamento dos fornecedores em atraso.
Ele disse que a gestora esquece que, em 2014, após ganhar as eleições e apoiar o PT no Estado, colocou pastas importantes nas mãos do partido, ao passo que a então senadora “não trouxe um tostão sequer” para cobrir as despesas do RN.
“Eu esperava, já que o PT elegeu comigo a senadora e a presidente Dilma e porque a metade do meu governo era do PT. Pedi a Fátima que me levasse até a presidente para repassar custeio para eu não atrasar a folha. E Fátima não arrumou dinheiro. Eu cansei de pedir e mendigar em Brasília, me humilhar pedindo esse custeio. Mandavam dinheiro para Alagoas, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, estados ricos, mas não enviaram ao Rio Grande do Norte. Porque? Porque já era um boicote de Fátima, pensando em ser governadora quatro anos depois, para me enfraquecer, já era um projeto sórdido”, disse.
Robinson afirmou que no início do governo Michel Temer, Fábio Faria conseguiu aprovar R$ 1 bilhão no TCU para custeio do Estado. No entanto, o valor jamais caiu na conta bancária do Estado, pois, além de não estar aprovado e assegurado, políticos potiguares teriam chantageado o então presidente para não conceder o benefício ao governo estadual.
“No dia seguinte, os caciques que derrotei – senadores e deputados federais – chantagearam Temer e disseram que não poderia liberar o dinheiro para o RN porque, se eu colocasse a folha em dia, seria reeleito. E tinha o candidato deles – Carlos Eduardo Alves -, da família deles contra mim, então Temer, ameaçado e em um momento frágil, amarelou e mandou dar um parecer e o dinheiro não chegou ao Rio Grande do Norte”, afirmou Robinson.
E reafirmou ter sido boicotado ao longo dos seus quatro anos de governo. “Se coloque no lugar de Robinson, boicotado, primeiro pelo governo do PT e de Temer, não arranjei dinheiro para custeio. Agora quero fazer uma pergunta ao povo do RN, aos que criticam e os que não criticam: sobrou o que a Robinson? Ou tentar esperar uma melhora da economia ou (acontecer) um milagre de chegar uma pessoa para ajudar em Brasília o Estado no custeio”, ressaltou.
FOLHAS EM ATRASO
Robinson Faria disse que acha bom quando o questionam sobre a questão das folhas de pagamento dos servidores em atraso, pois pode explicar a sua versão. Nesta, o ex-governador se disse alvo de uma “vingança” de políticos de famílias tradicionais no Estado e que, ao assumir, recebeu o Estado já pagando a folha salarial com recursos do Fundo da Previdência.
“Quem foi que Robinson Faria derrotou em 2014? O acordão, Henrique Alves e José Agripino, donos de tvs. Derrotei as famílias que mandavam no RN há 60 anos, com a mídia toda com eles. Quando me elegi governador, a vingança deles foi jogar a mídia contra mim. Passaram quatro anos atacando e só falavam a versão deles. Eu não podia falar a minha versão, porque eu não tinha rádio, jornal, mídia e tv. E o que aconteceu? Quando assumi o Estado, ele já estava quebrado. Errei em não ter dito isso ao povo do Estado e a conta do passado caiu no meu colo”, lamentou.
O ex-governador ressaltou que governou o Estado em um período econômico de recessão e que recebeu o Rio Grande do Norte “literalmente falido”. “Eu poderia ter anunciado isso quando subi a rampa para tomar posse, mas pensei: ‘não, vamos olhar para frente’. Fui muito otimista ou fui ingênuo, deveria ter contado ao povo do RN que (as condições) eu estava recebendo o Estado para governar, mas (à época) eu achei melhor olhar para frente e buscar soluções e não olhar para o retrovisor, mas acho que cometi erro, porque eu tinha que mostrar a realidade do Estado, a massa falida que estavam me entregando para governar”, lamentou.
“Gestão de Fátima é incompetente e midiática”, dispara
Segundo o ex-governador e pai do ministro das Comunicações do governo Jair Bolsonaro (PL) Fábio Faria, a gestão da governadora Fátima Bezerra não tem obras para apresentar a população e “é incompetente e midiático. Durante a pandemia, se escondeu do povo e vive mandando a polícia apreender motos. Quer encobrir o que ela não fez. Eu pergunto: ‘Qual foi a obra da governadora?”, questionou, em entrevista à Rádio Liberdade FM.
E continuou sua crítica. “A atual governadora do Estado, que não tem obras em canto algum, ela teve mais do que Robinson Faria em três anos e, isso está no Porta da Transparência para quem quiser checar, R$ 12 bilhões. Vocês sabem o que é R$ 12 bilhões? Você pergunta: ‘Vamos para Natal. Eu queria que ela apontasse, em uma entrevista de rádio, televisão ou em uma mídia qualquer, elenque dez obras dela em Natal, apesar de ter recebido R$ 12 bilhões a mais do que Robinson Faria. Ou então, vamos para Mossoró, capital do Oeste, ela que diga dez obras que tenha feito”, disparou.