Depois de declarar que o reajuste do salário mínimo era “populismo puro” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o senador Rogério Marinho (PL) criticou novamente o aumento concedido pelo governo federal, que desde 1º de janeiro passou a ser de R$ 1.518,00, um ganho real acima da inflação de 7,5%. O bolsonarista disse que o novo valor “impacta fortemente nas contas públicas, porque pressiona a Previdência e BPC”.
Em entrevista À CNN Brasil, Marinho voltou a distorcer os fatos dizendo que a política de reajuste do salário mínimo do governo Lula é “absolutamente estéril” porque, segundo ele, “não significa ganho real para o próprio trabalhador”, mas os dados oficiais contradizem o líder da oposição no Senado Federal.
O cálculo do novo salário mínimo levou em conta o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) dos últimos 12 meses, que foi de 4,84%, mais 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Isso significa que, efetivamente, o novo valor representa que houve um ganho real acima da inflação.
A política de ganho real do salário mínimo, abandonada pelos governos Temer (MDB) e Bolsonaro (PL), foi retomada pelo governo Lula em 2023. Nos quatro anos do governo anterior, o salário mínimo não teve ganho real, com reajustes que faziam apenas a reposição da inflação do ano anterior.
As afirmações do senador Rogério Marinho também contrastam com o levantamento da Tendências Consultoria, divulgado no domingo (5), que revelou que o Brasil, após uma década, voltou a ser um país majoritariamente de classe média em 2024. De acordo com o estudo, 50,1% dos domicílios brasileiros pertencem às classes C, B ou A, com renda familiar acima de R$ 3,4 mil/mês.
O estudo atribuiu o resultado à retomada da economia, com o crescimento acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB), a queda do desemprego e o aumento da renda das famílias brasileiras. Entre 2023 e 2024, foram criadas 3,6 milhões de vagas emprego formais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A última vez que o país havia atingido esse índice foi em 2015, durante o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), quando o percentual de lares considerados pertencentes à classe média chegou a 51%.
Para Camila Saito, consultora da Tendências, o crescimento da renda nos últimos anos se deve justamente à política de valorização do salário mínimo, negada pelo senador Rogério Marinho.