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Primeira delação de Cid cita nove indiciados pela PF em inquérito do golpe

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O primeiro depoimento da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), cita nove dos 40 indiciados pela Polícia Federal por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

As informações foram reveladas pela coluna do jornalista Elio Gaspari, do jornal “O Globo”.

A delação premiada de Cid foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro de 2023. Depois disso, ele prestou mais de dez depoimentos. Segundo o ex-ajudante de ordens, depois da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), três grupos gravitavam em torno de Bolsonaro.

A primeiro deles de “conservadores”, que teriam uma linha política. A intenção desse grupo era transformar Bolsonaro em um “grande líder da oposição”. Alguns dos integrantes seriam o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Bruno Bianco, ex-advogado-geral da União.

O terceiro grupo, segundo a delação, era composto por “radicais”, que era dividido em dois núcleos: um que seria a favor de ir atrás de uma suposta fraude nas urnas. Outra parcela “era a favor de um braço armado”. Estavam inclusos, de acordo com o documento, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.

Cid cita ainda como parte da ala mais radical e que conversava “constantemente com o ex-Presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado” a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Alguns pontos do primeiro depoimento de Cid já eram conhecidos — inclusive por ter embasado o relatório final da PF sobre a tentativa de golpe, que foi tornado público no fim do ano.

Segundo o relatório, os investigados atuaram para manter Bolsonaro no poder desde 2019, primeiro ano do mandato do ex-presidente.

Uma minuta golpista teria sido elaborada por Bolsonaro com o apoio de um núcleo jurídico, indicou a PF. Havia até data certa para o ex-presidente assinar o decreto golpista: 15 de dezembro de 2022.

Na avaliação da PF, o ex-presidente, inclusive, teria saído do país, em 30 de dezembro de 2022, para evitar possível prisão e aguardar desfecho dos ataques golpistas nos Três Poderes, que aconteceram em 8 de janeiro de 2023.

Articulação

A investigação também apontou que o ex-presidente planejou, atuou e teve domínio dos atos que visaram golpe. O plano, inclusive, teria sido impresso no Palácio do Planalto, a sede do governo.

O comitê de campanha de 2022 foi utilizado por Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice na última eleição presidencial, para reuniões sobre intervenção militar. Ele seria o grande articulador do plano de golpe.

A PF ainda apontou que Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, o presidente do PL, tiveram “ação dolosa” ao disseminarem narrativa de fraude na eleição de 2022. Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid disse em mensagem obtida pela PF que não havia indício de fraude.

Braga Netto, inclusive, teria pressionado comandantes do Exército e da Aeronáutica para aderirem ao golpe. O comandante da Marinha na época, Almir Garnier, tinha “tanques prontos” para agir.

Segundo a PF, Bolsonaro apresentou o decreto do golpe a comandantes das Forças Armadas em busca de apoio.

O general Freire Gomes, então comandante do Exército, teria sido determinante para golpe não acontecer, segundo o relatório. Braga Netto havia ordenado ataques a ele.

A PF ainda indicou que militares agiram deliberadamente sem conhecimento dos comandantes. Eles também tinham “apostila de anonimização” para ocultar rastros de golpe.

Os investigadores também apontaram que Bolsonaro sabia de carta com teor golpista assinada por militares.

Com informações da CNN

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