Cientistas vão avaliar a segurança e a tolerância do medicamento, além da resposta imunológica
No fim de outubro, uma vacina contra Alzheimer começou a ser testada em humanos, segundo informou a biofarmacêutica sueca Alzinova AB, responsável pela tecnologia.
De acordo com a empresa, o foco da vacina é atacar o acúmulo anormal da proteína beta amiloide, uma das responsáveis por causar a doença neurodegenerativa e sem cura, que afeta a memória, o comportamento e outras funções mentais de forma progressiva.
Além da beta amiloide, a proteína tau também forma esse depósito anormal. Em um processo natural, as enzimas seriam capazes de “quebrar” essas proteínas e eliminá-las, mas quem tem Alzheimer apresenta um mecanismo diferente.
“Em quem tem a doença, essas proteínas são quebradas em pedaços maiores, que se acumulam e formam as placas no cérebro”, explica Gustavo Alves, farmacêutico, doutor em biotecnologia e pesquisador de Alzheimer da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.
“Essa vacina vai impedir que a proteína beta amiloide em pedaços maiores seja formada”, diz.
Entenda a pesquisa
O estudo com a vacina ALZ-101 será randomizado e duplo-cego (quando o participante e o pesquisador não sabem quem recebeu placebo ou a vacina).
Nesta primeira fase, os cientistas vão avaliar a segurança e a tolerância do medicamento, além da resposta imunológica e biomarcadores associados ao Alzheimer.
No total, 26 pessoas com sintomas iniciais da doença participam desta etapa. Entre elas, uma parte vai receber quatro doses de vacina e a outra, de placebo.
O estudo também vai analisar o uso de duas dosagens diferentes da vacina durante um período de 20 semanas —para testar a quantidade de doses que seria indicada.
Primeiros sintomas do Alzheimer
A perda de neurônios, a terceira principal característica do Alzheimer, além do acúmulo de beta-amiloide e de tau, leva o cérebro a encolher em algumas áreas. A primeira região afetada é o hipocampo, responsável pela memória e o aprendizado.
Nossas lembranças mais importantes são consolidadas em outra parte do cérebro, e não são implicadas tão cedo. Mas a formação de novas memórias é comprometida.
Dificuldades para resolver problemas ou atividades antes apreciadas também podem se destacar no início, e podem ser interpretadas como ansiedade, desinteresse ou depressão.